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Bilionário Aposta em Miami e Critica Políticas do Ex-amigo, Donald Trump

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No fim de fevereiro, duas semanas depois do presidente americano, Donald Trump, anunciar tarifas sobre a importação de aço e alumínio, Jorge Pérez adotou um tom de incerteza. “Eu era muito amigo do Donald Trump antes de ele entrar para a política. Depois percebemos que temos visões muito diferentes”, disse o empresário de 75 anos, desenvolvedor de condomínios de luxo, em uma entrevista em vídeo para a Forbes, direto da sede da sua empresa, a Related Group, em Miami. “Uma das coisas que mais nos preocupa é a incerteza. Estamos vivendo uma espécie de montanha-russa.”

Desde que essas tarifas foram anunciadas, os novos alvarás de construção para unidades habitacionais na região de Miami despencaram 29%, segundo o Federal Reserve Bank de St. Louis. As vendas totais de apartamentos e casas geminadas na cidade e no condado vizinho de Broward caíram 17% no último ano, somando US$ 1,3 bilhão (R$ 7,12 bilhões) no mês de abril, de acordo com a Miami Association of Realtors. Para a Related, essas tarifas já haviam gerado temores de que os custos de construção pudessem subir até 20% em março.

No dia 3 de junho, Trump dobrou as taxas sobre aço e alumínio para 50%. “Essas alíquotas aumentam os custos e nem sempre é possível repassar isso para os clientes, porque dependendo de onde você está posicionado no mercado, isso simplesmente não é viável”, disse Jon Paul Pérez, filho de Jorge, de 40 anos, que hoje é presidente e CEO da Related. “Isso reduz nossas margens em alguns dos nossos projetos.”

Imigração

A repressão de Trump à imigração é outra grande preocupação. Cerca de um em cada quatro trabalhadores da construção civil nos Estados Unidos é imigrante e as políticas do presidente afetaram diretamente empresas como a Related. “A imigração impacta os custos de mão de obra que nós temos”, acrescentou Pérez. “Em Jacksonville, estamos construindo um condomínio e o governador, Ron DeSantis, anunciou que eles realmente iriam endurecer a fiscalização contra trabalhadores ilegais. No dia seguinte, metade dos trabalhadores foi embora para a Geórgia.”

Muitos dos clientes da Related Group também são latino-americanos, chegando a representar, em determinado momento, 80% dos compradores da empresa. “Se os latino-americanos estão com medo de vir pra cá ou não querem mais vir porque sentem que o clima não é favorável, seja pelas tarifas ou pela questão da imigração, é claro que isso impacta diretamente o nosso negócio imobiliário”, afirmou Pérez.

A questão da imigração também é algo muito pessoal para Pérez. Nascido em 1949, na Argentina, filho de pais cubanos, sua família se tornou exilada em 1959, quando o governo cubano nacionalizou empresas após a revolução liderada por Fidel Castro. Eles acabaram se estabelecendo na Colômbia. Em 1968, aos 19 anos, Pérez foi para Miami, onde trabalhou em uma pizzaria e vendia enciclopédias de porta em porta. Conseguiu uma bolsa de estudos para cursar economia no C.W. Post College, em Long Island, e depois fez mestrado em planejamento urbano na Universidade de Michigan. Na sequência, voltou para Miami para trabalhar como planejador urbano, focado em comunidades de baixa renda, tornando-se cidadão americano em 1976.

Três anos depois, ele fundou a Related Group em sociedade com o bilionário do mercado imobiliário de Nova York, Stephen Ross, e sua empresa, a Related Companies. Em 2022, Pérez comprou a participação de 25% de Ross na Related Group, por um valor não divulgado. Recentemente, em março, ele deixou o cargo de CEO e passou a gestão diária do negócio para seus filhos, Jon Paul e Nick.

Desaceleração é algo natural

Mas Pérez, que hoje tem um patrimônio estimado em US$ 2,6 bilhões (R$ 14,24 bilhões) — graças, principalmente, à sua participação de 100% na Related e à sua extensa coleção de arte com mais de 7 mil obras —, não pretende abrir mão do sonho americano. Especialmente do dele. Afinal, ele está nesse mercado há mais de quatro décadas e afirma já ter construído e administrado mais de 100 mil unidades. “Fazemos parte do grupo de pessoas que tiveram a sorte de vir a este país e ganharam mais dinheiro do que imaginavam”, completou.

Sim, os custos de mão de obra e de materiais vão aumentar, mas sua empresa vai se adaptar. “Sempre fomos muito bons em nos ajustar às mudanças do mercado”, afirmou, destacando que a companhia vem trabalhando para melhorar sua cadeia de suprimentos e seus métodos de construção e que, até agora, os aumentos de custos provocados pelas tarifas foram mínimos.

Por enquanto, o mercado parece estar dando razão a Pérez. “Houve uma pausa de quatro semanas, em que todo mundo ficou realmente apavorado com as tarifas e depois as nuvens se dissiparam. Estamos entrando em junho tão movimentados quanto estávamos em janeiro”, disse Dina Goldentayer, corretora da Douglas Elliman especializada em apartamentos de altíssimo padrão. Sobre o impacto dos custos mais altos de mão de obra e das tarifas, ela fez uma comparação com o aumento dos seguros. “Ninguém deixa de comprar uma casa porque o seguro ficou mais caro. Eles usam isso como argumento para negociar um desconto um pouco melhor, mas não é um motivo para desistir da compra.”

Pérez também enxerga essa desaceleração como algo, em certa medida, natural e não necessariamente causado pelas políticas do ex-presidente. “Nos últimos três anos tivemos uma demanda que, na minha opinião, não é natural”, comentou, fazendo referência ao período logo após a pandemia de covid-19, quando uma onda de compradores endinheirados se mudou para a região. “As pessoas continuam vindo para Miami. Não no mesmo ritmo daquela migração em massa que aconteceu, mas ainda temos uma demanda muito forte. Nosso dinheiro está no sul da Flórida, é aqui que investimos, e acredito que não existe lugar melhor para os próximos 10 anos.”

Oportunidades milionárias

Para provar seu ponto, ele destaca as vendas robustas em alguns dos projetos mais caros da Related, incluindo o Six Fisher Island, um empreendimento de luxo com 10 andares, 50 unidades, além de marina, campo de golfe e clube de praia. Os apartamentos partem de US$ 15 milhões (R$ 82,2 milhões). A Related já faturou mais de US$ 500 milhões (R$ 2,74 bilhões) nesse projeto e os imóveis estão sendo vendidos muito acima do preço médio de US$ 1 mil (R$ 5.480,00) por metro quadrado na região de Miami nos primeiros quatro meses de 2025. “Os melhores projetos, com incorporadoras de qualidade como a Related, continuam vendendo bem e com preços muito bons por metro quadrado”, afirmou Marko Gojanovic, corretor da MR Luxury Group e da ONE Sotheby’s.

Mesmo no segmento de entrada, que tem sido muito mais impactado — os preços dos apartamentos construídos há três décadas ou mais caíram 21% no último ano, enquanto os imóveis mais novos tiveram alta de 8%, segundo a imobiliária de luxo ISG World —, Pérez enxerga uma oportunidade de compra.

Após o colapso de um edifício de 12 andares e 40 anos em Surfside, na região metropolitana de Miami, que matou 98 pessoas em 2021, a Flórida aprovou uma lei que exige inspeções em prédios residenciais com mais de 30 metros quando completam 30 anos e novamente a cada 10 anos. O prazo para a primeira inspeção é até 31 de dezembro de 2024. Essa nova regra fez muitos proprietários de unidades em prédios antigos colocarem seus imóveis à venda no ano passado para evitar os altos custos das inspeções.

Embora a Related não tenha interesse em manter prédios antigos, está disposta a comprá-los por preços baixos para depois demolir. Em abril, a empresa se juntou a dois outros grupos para adquirir um edifício residencial de frente para o mar em Sunny Isles Beach por US$ 140 milhões (R$ 767,2 milhões), com planos de derrubar o prédio e construir uma torre de altíssimo padrão, com 250 metros de altura.

No luxo e no popular

A Related também tem mais 10 mil unidades no pipeline, em terrenos que já têm aprovação para construção, com início das obras previsto para os próximos dois anos e meio. E Pérez sempre foi pragmático: embora metade do seu negócio venha da venda de imóveis de luxo, a outra metade vem de apartamentos para aluguel e habitação popular. “Quando os aluguéis de mercado e os condomínios caem, sempre temos esse braço de habitação acessível, que mantém uma produção constante para a empresa”, explicou Nick Pérez, de 37 anos, outro filho de Jorge, que lidera a divisão de condomínios da Related Group.

Mesmo que o mercado de Miami continue esfriando, Pérez conta com seus apartamentos de luxo e unidades para aluguel não só na Flórida, mas também no Arizona, na Geórgia, na Carolina do Norte e em outros países, como Brasil e México. “Acreditamos no futuro do sul da Flórida e deste país. As regiões em que atuamos são áreas de alto crescimento”, afirmou Pérez. “Estamos prontos para agir assim que sentirmos que o mercado está no ponto certo.”

Ele também tem plena consciência sobre quando é hora de vender. Em junho, Pérez fechou a venda de uma torre residencial de luxo recém-construída, com 259 unidades, em Fort Lauderdale, para o bilionário espanhol da moda, Amancio Ortega, por US$ 165 milhões (R$ 904,2 milhões) — 28% abaixo do preço inicialmente pedido, mas ainda assim uma das maiores negociações desse tipo no ano. A Related já planejava vender o prédio depois que ele estivesse totalmente alugado, justamente para aproveitar o crescente interesse de investidores institucionais em edifícios residenciais em Miami.

Embora Pérez esteja preocupado com os rumos do país durante um segundo mandato de Trump, ele se mostra bem mais otimista em relação ao seu estado. “Pensando no longo prazo, eu não vejo nada além de céu azul para o sul da Flórida”, afirmou.

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